04/11/2016

"Semana Secreta"



"NOCHE DE BRUJAS"



     A SEMANA EN LA CIUDAD DE LA FURIA começou. Durante nove dias (é isso mesmo, êta semana prolongada!) divulgarei um conteúdo exclusivo sobre o livro NA CIDADE DA FÚRIA, da autora Fernanda Chazan Briones. Vai ter curiosidades sobre a obra? Vai, sim! Vai ter trilha sonora das boas? Vai também! E entrevista, vai ter? MAS É CLARO QUE VAI! O livro, do qual falarei melhor amanhã, conta a história de uma garota corajosa e determinada que quebra todos os padrões. Rachel é seu nome, e Buenos Aires é o cenário de toda a trama. Acompanhe a semana dia após dia e conheça aquilo que nunca te contaram sobre a capital argentina. História, cultura, costumes e – por que não? – muitas lendas urbanas. Lendas como essa, que a autora selecionou especialmente para a noche de brujas. Confira para ter certeza: existe terror na Argentina, sim. E ele é dos bons!

TERROR BAJO LA CAMA

 Não se conhece a origem dessa lenda urbana, nem em que família a história aconteceu. O que se sabe, no entanto, é que essa é uma daquelas histórias que nunca morrem. E você já vai descobrir o porquê. 

  Uma família estava noites e noites sem dormir. Já tinha perdido a conta e a paciência, e sentia que não havia mais o que fazer.  

  Tudo havia começado um ano antes, com um aparente pesadelo da filha. Um grito apavorado no meio da noite, os olhinhos que pareciam desorbitar-se e a insistência em repetir que, no dormitório, algo a observava agachado em meio às sombras. Os pais reviraram o quarto inteiro, procurando por todos os cantos. Detrás das bonecas de olhos de vidro, debaixo da cama, dentro do guarda-roupas e na caixa de brinquedos... nada, não havia nada, mas a menina não se tranquilizava. E para piorar, a angústia e os temores começaram a reaparecer noite após noite. 

  Houve um descanso de quinze dias, mas superado esse lapso, o terror da menina voltou a manifestar-se. Foram longas noites para toda a família, com gritos e lágrimas constantes. 

  Os adultos decidiram então levar a menina aos melhores médicos de Buenos Aires, que ordenaram urgentemente tratamentos e terapias. Apesar de tudo que tentaram, os resultados foram negativos. O desespero era tanto que pensaram que iriam enlouquecer. Provaram, então, outros meios. Recorreram ao misterioso mundo de médiuns, adivinhos, curandeiros e mulheres que podiam ver além do que vemos. Mas, ainda assim, nada mudava. A menina continuava a sentir medo à noite e dizia que algo a observava debaixo da cama. 

Um amigo havia escutado os padeceres da família durante esses longos meses e decidiu que os aconselharia. “Vocês já pensaram em comprar um cachorro? Eles sempre dão a vida por seu dono. Se o que incomoda a garota é algo real, o cachorro com toda certeza irá defendê-la. Se é outra coisa, dizem que os animais têm um sexto sentido, e também irá protegê-la”, argumentou. 

  O rosto sério do amigo e o cansaço e a preocupação que sentiam fizeram com que o casal se decidisse logo. Afinal, já tinham experimentado tantas coisas que não funcionaram, que não perderiam nada em tentar essa opção. 

  A menina ficou feliz com o filhotinho que a acompanhava o tempo inteiro, para cuidá-la e para velar seu sono. Assim, estabeleceu-se entre eles um pacto implícito: quando a garota sentia muito medo e estava segura de que algo a ameaçava, colocava a mão para fora da cama. Sabia que ali debaixo encontraria seu cachorro que, rapidamente, correria para lamber sua mão, para que logo se acalmasse e pudesse dormir tranquilamente. 

  Os pesadelos então ficaram para trás, como também as longas noites de desespero e espanto. A família se tranquilizou e logo esqueceu os acontecimentos tão dolorosos. 

  Tempos depois, os pais foram convidados para uma festa. As crianças não eram bem-vindas, portanto deixaram a menina sozinha em casa, aos cuidados de seu animal de estimação. Na madrugada, antes que o casal voltasse, uma tempestade desatou a cair. A água batia furiosamente contra os cristais da janela, os relâmpagos formavam figuras estranhas no quarto e o vento enlouquecido parecia gritar palavras incompreensíveis entre as árvores do jardim. A menina acordou apavorada, tremendo e suando frio. Sentiu que algo tinha voltado a observá-la naquela espantosa. Então, como sempre, colocou a mão para fora da cama, e rapidamente sentiu seu cachorro lamber suas mãos. 

  No outro dia, tudo havia mudado. A chuva tinha dado espaço a um sol radiante que entrava pelas janelas. A garota acordou e se espreguiçou. Tinha dormido tranquilamente depois do susto da noite anterior. Colocou os pés para fora da cama e os apoiou em um pequeno tapete. Inquietou-se ao sentir algo úmido e pegajoso na sola dos pés, mas pior foi o impacto quando viu seu cachorro degolado no carpete. Angustiada, começou a chorar desesperadamente, enquanto chamava seus pais. 

  As lágrimas e o estado de choque em que se encontrava impediram que visse no espelho de seu quarto as letras escritas com sangue: “não só os cachorros lambem as mãos”. 
(trecho traduzido de “Buenos Aires Misteriosa – crímenes, leyendas y fantasmas de la ciudad”, ZIGIOTTO, Diego M.) 

NA CIDADE DA FÚRIA

Pré-venda disponível: 

Lançamento em São Paulo: 
Sábado, 12/11, na Livraria Leitura do Shopping Cidade São Paulo, das 15h30 às 18h30

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